Aug 30, 2007

Quero ser como uma sala fechada. Mas uma janela. Tu acenas do outro lado da janela. Como não mostro nenhum sinal de reconhecimento, aproximas-te. Esborrachas o nariz na janela, depois as bochechas, depois a boca num beijo obsceno. Os meus olhos são ainda vidro, não guardam nada. Bates levemente no vidro baço (pela tua respiração).


A tua música atravessa-me de repente como uma lufada de ar fresco e eu faço menção de respirar fundo, fecho os olhos, empoleiro-me em bicos dos pés, inclino rapidamente a cabeça para um dos lados.


Mas afinal.

Aug 29, 2007

Into the night

Cordiais.

"Tantas imagens, recordações, experiências que vivi entretanto..."

Anota tudo num bloquinho, filha.

-- pausa --

Minha querida, tu eras uma grande mulher, a mulher. Os teus cabelos volumosos de um negro desafiante, o teu olhar vivo e decidido, as maçãs do rosto bem delineadas e levemente coradas.

Eras uma mulher, a mulher, com todas as linhas do corpo. Que me importa se eras apenas, nessa capa para os outros verem, uma miúda do campo, e que todo o teu mundo fosse o pomar em frente de casa e o caminho para a missa, aos Domingos? Eu via-te com outros olhos.

Ainda vives, ainda respiras esse mesmo ar distante com o teu nariz de Cleópatra, mas vais renascer em mim. Eu sei que sim.

Tu e eu. Desta vez, tu pequenina, eu grande. Tu moldada pelos meus dedos. Talvez te tornes, desta vez verdadeiramente, na tua imagem na minha retina.

Há quantos anos, minha querida? Talvez dez, ou quase. Eu era uma miúda e tu olhaste para mim. Foi então, talvez, que tudo se decidiu.

Sabes, as palavras custam a sair, mas eu tenho que dizê-lo. As palavras saem atabalhoadas, cruas, sem harmonia. Mas, minha querida, como podia deixar de dizê-lo?

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Não vou morrer diluída nesse nascimento de outras coisas. Não, não vou morrer.

- ...
- Porque não quero.

A minha cabeça está cheia de sonhos com Clint Eastwood (realizador) com sangue (vermelho) com mulheres loucas em corredores de hospitais (pousadas da juventude?)

Está cheia de coisas cheias e redondas cheias cheias enjoativas inflamadas

Mas há músicas que acalmam essa dor, esse enjoo.

Aug 28, 2007

Fresh fresh fresh reeeeefresh!

Aug 26, 2007

A gaffe da moda.

Depois da Avis nos ter presenteado com isto, chegou a vez do Millenium confirmar esta nova gaffe da moda.







Aug 20, 2007

Chama-me Tolerância.


Caution: the following may contain dangerous subtypes of concealed iron-y (irony).







Pessoas que se lameeeentam... aiaiaiaiiii gemidos gemidos queixumes



Como se, como se...



Todos os olhos postos nelas, oh sim sim, de que mal padece? oh sim sim, tem toda a razão.



Pessoas que dizem tu sim alto bonito forte, e olha para mim coiiiitadinhaaaa, ah, mas não olhes para mim, não não, não estou a dizer isto para chamar a atenção, é só porque sou terrível, olha que feia e estúpida...!



Arrepios, arrepios!



Eu não quero esses lamentos



(mas mas mas (tremores) não estou a falar de mim mesma, pois não?)



não quero



sacode, sacode do ombro

tss tss vup vup

que caspa mais pegajosa



hoje é daqueles dias, e eu não quero saber

pensem monstruosidades! tanto se me dá!


se tivesse aqui esse prato, esse bocado de porcelana, sim, estaria partido

se tivesse aqui essas cartas todas,

e tudo aquilo que recebeste

tudo o que é bom e bonito


e depois? e se me apetecer?




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Revolucionárias, e gostam, gostam de dizer sim sou assim e tu tens alguma coisa contra isso?

mas claro que ninguém tem nada contra, porque todos querem ser assim ...today

desafiar regras e convenções? ahah, que regras, que convenções?


E se eu QUISER seguir as regras? e estou-me bem nas tintas para o que possam dizer

ah e tal que careta ou isto e aquilo

porque está in ser-se contra isto e a favor daquilo e usar uma estrela no ombro esquerdo...

o que quer o meu cérebro saber disso?


revolucionarizem-se!


eu cá faço o que quero.



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É um egoísmo, uma coisa medonha


E eu sei, eu sei, eu sei e insisto e persisto resisto
(não, não, não estou a chorar)








cresci para fora da casa, um braço pela janela, um pé na chaminé e nem sequer esse coelho medroso para me "apedrejar" de bolos.


nem sequer esse coelho!

(como se importasse)


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tempo mau vento chuva

estou um bocado maldisposta e não sei bem se é

de saber que mesmo as pessoas fortes não deixam de ser pessoas

que há coisas inompreensíveis

como doenças estúpidas

como

outras coisas

estúpidas


ou se calhar estou só cansada

(não, estou mesmo maldisposta, maldisposta de água quase)


não gosto de ser assim às vezes

E não sou sempre assim

mas às vezes


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Afinal também sou pessoas irritantes. Às vezes.

Aug 15, 2007

Child?

Happy child!

Aug 13, 2007

Confissões (previously known as Considerações)

Só me lembro de coisas estúpidas para escrever.

A minha alma anda um deserto sem oásis à vista.

Mood: completamente blah.

Aug 12, 2007

Às vezes anseio por coisas. Coisas, não sei bem o quê, coisas.


Se eu pudesse, tivesse de novo o espaço infinito à frente onde correr de braços abertos...

Mas, penso com ironia amarga, nunca houve um passado com corridas de braços abertos na minha vida.


Se o Peter estivesse aqui, diria que sim, que eram estranhas, essas vidas, que nunca levámos...


Mas não. Não está ele e não estão outras pessoas que, pelo menos da maneira como sempre habitaram esta espécie de mundo na minha cabeça, são irreais. Não, não. Eu, aqui, sou só eu. Não há outros ombros, ou peitos, palmadinhas reconfortantes...


No fundo, queria apenas um pouco mais de tempo.


Ou se calhar não. Não pode ser isso, só isso.


Não sei bem o que é.

A percepção como sol sol cega cega: que me importa a mim não conseguir fazê-lo? Ser eu o lápis, o pincel, a voz, o corpo? Que me interessa ser tudo isso? Poder apreciá-lo não é já dom suficiente? Não preciso de sentir-me a criadora... Aquele prazer sereno enquanto os meus sentidos se apoderam de tudo, tudo, tudo o que não é meu.

Mas é. É meu, é meu, só pode ser meu. Senão, que fonte exterior poderia jorrar estas emoções como um êxtase particular? Que fonte exterior?

São todas dirigidas a mim (são todas) porque eu (eu tu eu tu) sou tudo. Os mitos, a música, todas essas imagens bonitas. Dirigidas a mim como uma flecha.

Zing.

vibra(toing)ção

E o meu coração, encarnado. A flecha, a ponta da flecha, a entrar na carne. A carne e o sangue e a carne. Tum tum, tum tum. Tum... Tum...


Quero sentir essas coisas.
Quero sentir essas mãos geladas na cara.
Quero sentir esse ar quente, esse hálito.
Quero sentir esse vermelho dos teus olhos.
Nos teus olhos.

Quando choras.

E que culpa tenho eu? Não sou eu o autor, a água não é minha, não te pintei de vermelho.

As abelhas mortas nos caminhos como um tapete. Eu quero que sejam pretas, mas elas insistem no amarelo.

E tu choras. Sentas-te, para chorares mais confortavelmente.

Quero sentir esse sal na língua.

Língua.

Guardanapo.

Porta.

Talvez.

E tu, ainda longe, ainda choras?
Sim, sim, eu sei que ninguém chora.
Mas soa melhor assim.

Aug 7, 2007

Para todas as miúdas que tiveram a infelicidade de conhecer estes "galantes" pela vida, para se rirem um bocado com este retrato fidedigno ;)



Ese hombre que tú ves ahí
que parece tan galante,
tan atento y arrogante,
lo conozco como a mí.

Ese hombre que tú ves ahí
que aparenta ser divino,
tan afable y efusivo,
sólo sabe hacer sufrir...

Es un gran necio,
un estúpido engreído,
egoísta y caprichoso,
un payaso vanidoso,
inconsciente y presumido,
falso enano rencoroso
que no tiene corazón.
Lleno de celos,
sin razones ni motivos,
como el viento, impetuoso,
pocas veces cariñoso,
inseguro de sí mismo,
soportable como amigo,
insufrible como amor.

Ese hombre que tú ves ahí,
que parece tan amable,
dadivoso y agradable,
lo conozco como a mí.

Ese hombre que tú ves ahí,
que parece tan seguro
de pisar bien por el mundo,
sólo sabe hacer sufrir.

Es un gran necio,
un estúpido engreído,
egoísta y caprichoso,
un payaso vanidoso,
inconsciente y presumido,
falso enano rencoroso
que no tiene corazón.
Lleno de celos,
sin razones ni motivos,
como el viento, impetuoso,
pocas veces cariñoso,
inseguro de sí mismo,
soportable como amigo,
insufrible como amor.

(Manuel Alejandro - Ana Magdalena, cantado por Rocío Jurado)

Aug 5, 2007

verão

Ô-ôláá...?


Como uma pedra num charco.


E que me importa a mim que ele não venha, não vem, era tudo uma brincadeira. Sim, sim, ele está ali. Meio escondido na sombra, a rir-se de mim.


Álvaro! (irritada)


Pensei que desta vez pudesses dizer-me. Contar tudo desde o princípio. Como foi esse nascimento glorioso. Com pompa e circunstância, claro. Já sei que...


Mas se calhar estou enganada. Posso assumir que percebo: o porquê das coisas, os sentimentos por trás dos...? Eu não sou ela, "a". Quem pode encher-se de tamanha presunção e dizer: tu és isto, foste aquilo, assim e assim.


E, ainda assim, gostava de poder sentir como há uns anos. Há uns anos, sim, eras tu, aquele tu em mim, enfim, o normal.


E eu nem me chamo Carol, apesar de ter nascido nos States, não sou gorda nem falo francês com sotaque americano nem tenho um sorriso simpático e pachorrento para oferecer a estrangeiros presumidos que me olham como se fosse... Nada disso. Mas sim, no banco do jardim, chamei-me Carol, ali, em Paris, e em Dublin, e em Londres. E sim, foi a personagem americana básica que soube exprimir o inexprimível.


(divago sempre)


Ah, e claro, estou de volta!