Aug 29, 2007

Into the night

Cordiais.

"Tantas imagens, recordações, experiências que vivi entretanto..."

Anota tudo num bloquinho, filha.

-- pausa --

Minha querida, tu eras uma grande mulher, a mulher. Os teus cabelos volumosos de um negro desafiante, o teu olhar vivo e decidido, as maçãs do rosto bem delineadas e levemente coradas.

Eras uma mulher, a mulher, com todas as linhas do corpo. Que me importa se eras apenas, nessa capa para os outros verem, uma miúda do campo, e que todo o teu mundo fosse o pomar em frente de casa e o caminho para a missa, aos Domingos? Eu via-te com outros olhos.

Ainda vives, ainda respiras esse mesmo ar distante com o teu nariz de Cleópatra, mas vais renascer em mim. Eu sei que sim.

Tu e eu. Desta vez, tu pequenina, eu grande. Tu moldada pelos meus dedos. Talvez te tornes, desta vez verdadeiramente, na tua imagem na minha retina.

Há quantos anos, minha querida? Talvez dez, ou quase. Eu era uma miúda e tu olhaste para mim. Foi então, talvez, que tudo se decidiu.

Sabes, as palavras custam a sair, mas eu tenho que dizê-lo. As palavras saem atabalhoadas, cruas, sem harmonia. Mas, minha querida, como podia deixar de dizê-lo?

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Não vou morrer diluída nesse nascimento de outras coisas. Não, não vou morrer.

- ...
- Porque não quero.

A minha cabeça está cheia de sonhos com Clint Eastwood (realizador) com sangue (vermelho) com mulheres loucas em corredores de hospitais (pousadas da juventude?)

Está cheia de coisas cheias e redondas cheias cheias enjoativas inflamadas

Mas há músicas que acalmam essa dor, esse enjoo.

4 comments:

Inês said...

Não sei bem de que falaste... mas falaste-me.

W said...

:) Não saberia dizê-lo antes de o dizeres, mas é isso mesmo que sinto quando leio algumas coisas que escreves :)

Manuel Guedes said...

Nostalgia, saudade...
Momentos bons, recordações que ficaram...
Fusão de dois momentos em tempos diferentes, vividos em espaços abstractos...

"Sabes, as palavras custam a sair, mas eu tenho que dizê-lo. As palavras saem atabalhoadas, cruas, sem harmonia."

MAs saem e é isso que interessa! Adoro esta escrita dá asas á imaginação e é muito de ambígua! Tentar conhecer-te pelas tuas palavras é como mergulhar num poço sem fundo!

Mas pensando bem de k vale conhecer-te?? mhmhm... não sei

W said...

Realmente, não vale de grande coisa, não :P :)