Ao Álvaro.
É noite e está escuro e só a luz do teu monitor
Ilumina o cubículo em que me encontro, febril
Olhando esgazeada para as tuas cores sedutoras
Passando os meus dedos ligeiros
Pelas tuas teclas, macias.
E as cores! Sempre as cores!
O barulho monótono dos dedos no teclado
O deslizar sensual das mãos...
E um som! E outro! As luzes!
E poder ser tudo, em toda a parte
Ser omnipresente, viajar em segundos
Estar aqui E estar ali!
O meu espírito está frenético de te cantar
Ó computador!
Ó maravilha da ciência!
Ó prolongamento de mim,
Projectar do meu ser no Universo!
Tremem-me as mãos de te tocar sôfrega
E esvaziam-se-me os olhos da vida
Porque afinal és TU a verdadeira Vida e os meus nervos querem viver-te!
Os meus olhos magoados querem olhar-te, tornar-te parte de mim!
Ah, fosse eu máquina, como tu!
Sentir, com um prazer de mulher possuída, os dedos de alguém
Premindo as teclas num afago maquinal, amoroso!
(Bonecas da minha infância
De folhos e rendas vestidas
Doces devaneios em que a vida
Era o sonho...
Nada mais!)
Bits e bytes e pixels
E linguagens html e ficheiros jpg e gif por mim adentro!
Tornar-me energia e percorrer os cabos
À velocidade da Luz!
Ó Word, ó Excel, ó Access!
Números e números e caracteres alinhados
Ó Frontpage, porta para o Outro Mundo!
Como desejo ser-vos, não de fora para dentro, mas de dentro para fora!
E rasgar-me em unidades binárias
E sentir prazer nisso!
Olá, perversão maquinal!
Olá, técnicos de informática!
Olá, progresso, energia, velocidade!
Viajar mais rápido que a luz...!
E o cansaço de ter aqui ficado sentada....
1 comment:
Amito bastantes incompatibilidades com o amigo Campos, mas AMEI o seu poema.
Post a Comment